E nossas (minha e da esposa) mais recentes férias foram gastas em Montreal visitando minha irmã e meu cunhado. A esposa já tinha estado lá uns 2 anos atrás estudando francês e tinha adorado a cidade então vamos lá, né?

Depois da road-trip chegamos lá de manhã cedo no Domingo. A cidade é uma ilha (literalmente) e minha irmã mora ainda em outra ilha. E no final de semana a prefeitura achou que seria divertido fechar as pontes para reformas. Fica fácil chegar numa cidade grande, apenas com as intruções do Google Maps impressas na semana anterior e dar de cara com tudo fechado né? E nada de sinalização de desvio anti-otário igual fazem aqui na Nova Escócia. Apenas uma placa o outra e, lógico, só em francês.

Nossas instruções do Google Maps mostravam que entre a entrada da ponte e a casa da minha irmã deveriam ser uns 20 minutos. Uma hora e meia depois, várias ligações tentando pegar mais informações com meu cunnhado e finalmente apelando pro GPS do celular (que teimava em me mandar de volta pra ponte bloqueada) e finalmente chegamos.

Vou dizer que fiquei bem impressionado com o bairro onde minha irmã mora e, como a esposa bem lembrou, parece uma versão de primeiro mundo de um condomínio onde moramos em Sumaré. Um lugar plano, limpo, calçadas espaçosas e bem conservadas, ciclovia, centro comercial e quase exclusivamente residencial. Bem arborizado e conservado.

Nos dias seguintes andamos um bocado por Montreal. E realmente quero dizer a pé. Devemos ter andado, fácil, uns 20 KM num dia e mais uns 10KM no outro e deu pra ter uma boa noção da cidade: É muito maior do que Halifax, e bem menor do que São Paulo. Talvez algo comparável a Campinas? Não sei… Mas pra mim, já acostumado ao sossego de Halifax, foi um pouco demais.

O centro da cidade tem uma parte mais bacana e sofisticada mas também tem uma outra região feia e mal-ocupada. Muitos tipinhos estranhos, gente feia e com roupas esquisistas e com cara de quem não tem exatamente todos os parafusos no lugar. Lugares pichados, lixo na rua, mendingos pedindo dinheiro… No, thanks.

Aliás vale um parênteses para falar das roupas já que até eu, que nunca percebo essas coisas, acabei vendo isso: Fora os pontinhos fora da curva todo muito extremamente bem vestido no centro de Montreal. Os homens todos em roupas elegantes, sapatos de qualidade, sobre-tudo e cores sóbrias. Gravatas mandatórias. As mulheres muito bem vestidas com roupas bem femininas, bem maquiadas (mas sem serem vulgares) e sempre de salto-alto. Uma baita diferença aqui de Halifax onde a quantidade de pessoas usando camisa xadrez e calça jeans não deixa dúvida que você está no Canadá.

Outra coisa que me impressionou foram os carros que vi nas ruas. Eu, de farra, comecei a contar quantos Mercedes passavam enquanto esperávamos o ônibus no ponto. Depois de 2 minutos e 10 Mercedes contados perdeu a graça e deixei pra lá. Audi, BMW, Lexus… you name it. Muitos carros de luxo por lá, o que me deixou pensando que ou as pessoas ganham muito melhor em Quebéc do que na Nova Escócia ou que a próxima vez que for comprar um carro devo dar uma olhada nas concessionárias de lá, porquê deve ser muito mais barato.

Mas agora vamos falar da parte que realmente importa: Comida.

Ah… nisso os Quebecois mandam muito bem, viu? Quando descobri o conceito de formagerie eu quase chorei. Não só queijos de tudo quanto é tipo e de tudo quanto é lugar (coisa quase inexistente aqui em Halifax), mas também com um preço ridiculamente mais baixo. Sensacional.

No mercado a variedade de comidas é fantástica. Quem acompanha meu Twitter viu que achei carne de cavalo lá. E também tinha coelho, faisão, codorna e outras que eu não teria tempo o suficiente para cozinhar. Não cheguei a olhar os cortes das carnes, mas tenho certeza que tinha mais variedade do que a meia dúzia que tem por aqui. Ah sim, vinhos são vendidos no mercado, enquanto aqui você precisa ir na loja de bebidas pra conseguir o acompanhamento da refeição.

Pratos típicos que fiz questão de experimentar foram Poutine, sanduíche de carne defumada, salmão defumado e pato. Tudo excelente. Sem falar que num dos dias comemos em uma das praças de alimentação da cidade subterrânea e achei um restaurante espanhol onde me serviram um dos melhores carneiros que já provei. Sim, numa praça de alimentação.

O transporte público é muito bom e tanto os ônibus quanto o metrô são bem eficientes. E, apesar de não termos usado, achei sensacional que você pode alugar bicicletas da prefeitura em diversos lugares na cidade. E como tudo é bem plano, o trânsito razoavelmente civilizado (menos que em Halifax) e tem ciclovia em vários lugares isso é realmente uma opção interessante. Morando num bairro como o da minha irmã tranquilamente você vive sem precisar ter carro. Coisa impossível aqui na zona rural de Halifax. 🙂

Fator positivo: Imposto menor em Quebéc do que na Nova Escócia. Fator negativo: Lá eles falam francês (mas passamos tranquilamente na base do inglês na nossa vida de turista).

Em resumo achei a cidade bacana e seria legal se ela fosse mais perto de pudéssemos fazer um bate-volta num mesmo dia, mas eu não moraria lá. Não foi nem seria minha primeira, segunda, terceira… décima escolha de lugar pra viver no Canadá.  Mas ainda volto lá pra comprar mais uns queijos.