De volta às raízes

By | February 14, 2008

Depois deste outro post não teve jeito… O dedo coçou e eu tive que baixar o Slackware.

Lógico que não coloquei ele no nosso computador de uso corrente, mas sim dentro de uma instância de VMWare. Já falei que adoro virtualização?

O que eu tinha na cabeça era o seguinte: Pelo menos desde 1999 eu não coloca as mãos no Slackware. E vale aqui abrir um longo parênteses:

Comecei com Conectiva Marumbi (com uma rápida passagem anterior pelo RedHat, nem sei que versão), passei pelo Conectiva Guarani, Conectiva 4.0 e depois Slackware. A linha do tempo bate? Nem sei mais. Alguém lembra as datas de lançamento das versões?

Rodei Slackware talvez por uns 6 meses, mas surgiu na época uma possibilidade de negócios em relação ao SuSE e usei essa distribuição por um bom tempo, até conhecer o Debian. Depois foi um pinga-pinga entre Debian e Kurumin (Debian em servidores e Kurumin em desktops) até eu conhecer o Ubuntu, que tenho usado desde então.

Vale dizer que durante uma época por volta de 2000 eu tinha uma máquina de testes e participava de um grupo de usuários que recebia CD de tudo quanto é lado mundo e por isso tive a chance de brincar com distribuições como Caldera Linux (SCO, alguém?), Corel Linux, Turbo Linux e diversos outros já falecidos neste momento.

Fecha parênteses.

Ou seja, eu já fui geek de verdade. Compilava meus próprios programas do fonte, já que tanto na época do Slackware como do SuSE tinha muita coisa que só dava pra instalar via fonte.

Hoje é ridiculamente simples instalar o Ubuntu, dando um duplo-clique no Live-CD e respondendo meio dúzia de perguntas, mas a coisa já foi bem diferente. E achei que valia a pena, mesmo por diversão, reviver os bons momentos do passado com o bom e velho Slackware.

Me propuz a fazer o seguinte: Baixei o ISO, configurei o VMWare pra dar boot usando a imagem, coloquei a máquina virtual em full screen e decidi fingir que não tinha mais nenhum recurso à minha disposição.

Afinal era isso que acontecia no passado. Uma vez iniciado o processo de instalação você estava por conta própria. Não era simples fazer uma instalação dual-boot e eu logo que comecei a usar Linux já tinha decidido por single boot. Então não tinha pra onde correr. Era pra macho. Você, o teclado e uma telinha preta.

Me colocando neste cenário então parti pras cabeças.

Instalação

Começo dizendo que baixei só o primeiro CD da instalação. Imaginei que se o Ubuntu e o Debian só precisam de um CD pra ter um sistema funcional, o Slackware também só ia precisar do primeiro.

E eu estava certo. Só que eu esqueci o conceito de funcional do Slackware. A gente chega lá.

Assim que deu boot o instalador caiu no console pedindo pra dar login como root. Pô quase rolou uma lágrima de saudades de uma instalação via CLI. que coisa linda.

Dei login e fui instruido a particionar o disco via fdisk ou cfdisk. Então fui de fdisk, já que cfdisk é pros fracos. 😛

Caramba… já usei tanto o fdisk e nem lembrava as opções. Tive que ficar dando “m” toda hora pra vê-las.

OK, disco particionado, formatado e pronto pra instalação. Ai entra o setup.

Setup

Pergunta algumas coisas sobre o tipo de seleção de pacote que eu quero. Como sou metido vou em “menu”, que é a mesma coisa que expert, se não me engano.

Fiz uma seleção de pacote mais ou menos e mandei instalar. Acompanhei todo o processo de instalação dos pacotes, mas me assuntei na hora que ele pediu o segundo CD. PUTZ! Eu não baixei. E agora? Droga.

Mas tudo bem, ele tinha uma opção de passar batido e continuou a instalação, que foi normal até a hora que ele perguntou onde devia instalar o Lilo. MANO!!! LILO!!! Que saudades! Fazia tempo que eu não via o Lilo.

OK, tudo configurado ele pede boot e deve voltar instalado.

A telinha preta

Quando deu boot, usando framebuffer a 1024×768, cai no prompt, onde loguei como root e, perdendo a noção da realidade por um momento, mandei um startx.

Foi ai que me toquei que nada que não estava no CD1 foi instalado. Inclusive o X.

Bom, ainda bem que eu tinha selecionado o Lynx, então naveguei até a página do Slackware, acessei a lista de arquivos do diretório “x” e fiz um dump pra um arquivo TXT. E ai foi só colocar um:

for i in $(egrep "http://.*tgz" files.txt|cut -d . -f2-); do wget $i; done

Todos os pacotes baixados… Mas como instala mesmo? Mais uns 10 minutos no google (se está me chamando de lerdo neste momento te convido a fazer uma busca no google com o lynx, certo?) e descobri:

installpkg nome-do-pacote.tgz

Mas como não sabia quais pacotes ia precisar eu fui indo um por um, numa seqüencia mais ou menos lógica… Instalando o xorg, driver do xorg pra vmware, xfonts… Instalei uma penca de pacote e não aparecia o maldito startx.

Ai eu pensei em chamar direto o X. Ele começou a abrir e deu um pau muito sinistro, por isso rodei o xorgconfig. Na minha época ainda chamava xf86config, mas é exatamente a mesma coisa. heheheh… Nem de longe lembra as interfaces de configuração de hoje em dia.

Depois de instalado continuei sem conseguir iniciar o X, com um erro sinistro de fonte não encontrada.

Tentei de tudo até chegar a conclusão que devia tar faltando alguma coisa. E ai rodei:

installpkg *.tgz

Não adiantou. Caramba… não acredito que vou ter que abrir o lynx de novo. (ódio ao lynx++)

Pesquisei mais um pouco e vi que tinha mais trocentos pacotes de aplicações X num diretório chamado xapps, em outro CD que eu também não tinha baixado. Usei o mesmo processo de dump do html + script pra baixar todos os pacotes de novo e o installpkg mais uma vez.

Nada. Sem sucesso. Lynx de novo não!!!!!

Mas desta vez pelo menos deu resultado. Só precisei chamar o pkgtool e mandar ele rodar alguns scripts de instalação de novo.

pkgtool.png

Depois disso foi só dar um startx e TADÁÁÁÁÁ!!! Habemos ÉQUIS!

X

Nada muito elegante, claro. Me recusei a instalar KDE e parti logo pro WindowMaker. Quem ai lembra dele? 🙂

Ô tempo baum…

Sobre a experiência

Eu gosto muito do Slackware. Sempre gostei e só deixei de usá-lo por dinheiro. 😀

Aprendi muito na época que ele era minha distribuição do dia-a-dia, mas definitivamente já passei da fase de achar divertido passar horas pra instalar um tweakear um SO.

Hoje sou um preguiçoso acomodado que prefe clicar no adept duas vezes por semana, e reclamando de como tem atualização pra caramba, do que instalar meu Slackware extremamente customizado/bonito/seguro mas que é chato até umas hora de manter.

Pelo menos na minha máquina de “produção”, que é devidamente compatilhada com a esposa.

Próximos planos

Vou precisar do meu notebook funcional pelo menos pelo próximo um mês, por isso estou rodando Ubuntu – RC do Hardy – nele, mas assim que liberar pretendo substituir o Linux por OpenBSD. Já faz um bom tempo que brinquei com o Open pela última vez e mesmo assim foram em alguns firewalls que montei. Nunca tive a oportunidade de usá-lo em workstation e acho que vou me ocupar por tempo o suficiente tentando colocar ele no ar, com todas as firulas que tenho hoje no meu Ubuntu.

Definitivamente também vou brincar com alguma coisa relacionada ao Solaris, como o Nexenta, que já comentei aqui.

E o bom é que o Notebook eu não preciso dividir com ninguém! mhuuhaauhauua!!!

4 thoughts on “De volta às raízes

  1. Cainã Costa

    E o melhor ainda é que notebook é péssimo pra configurar:
    – Habilita suspend
    – Configura wireless(nos BSD isso ainda é um problema)
    E por aí vai. Se não fossem as dependências de hardware alien, com certeza eu já estaria testando, mas enquanto isso, to me preparando as pontas pra montar meu primeiro LFS 🙂

    Ah, ótimo blog, adicionado no meu leitor RSS mais próximo.

  2. Nix

    Puxa, adorei a sua experiencia de tentar voltar as raizes. Eu comecei usando Slackware, mas antes usei o Conectiva Guarani, e consegui ficar com o Red Hat 6 por dois dias instalado na máquina.
    Aí, descobri o Slack… e fiquei com ele por 2 anos =) parei de usar quando entrei numa empresa que me apresentou o Debian… aí, acabei me acostumando com o apt =P e agora ganhei um DVD para instalar o Slack… hehe acho que vou tentar voltar as raizes também… =)

    Parabens pelo blog =)

  3. José Roberto Kerne

    Ótimo artigo! Parabéns!
    Posso dizer que lembrei de todas as distribuições que você comentou no começo, apenas não cheguei a usar o Conectiva Morumbi, pois consegui logo de cara um Conectiva Guarani…. A cronologia está certa sim! Caldera eu tbm já usei, por algumas horas hahahahaha tudo muito amarrado para o meu gosto, onde na época eu nem ligava em ter de gastar dois dias para deixar o desktop com tudo configuradinha. Tinha orgulho disso além é claro de ser um mega aprendizado.
    Hoje em dia também sou mais “relaxado” na questão de desktop, talvez não relaxado no sentido pleno da palavra, mas sim mais prático. Não encontro hoje uma justificativa para perder dois dias instalando uma distribuição manualmente se o Ubuntu 7.10 faz tudo para mim em 10 minutos 😀
    Assim como você eu também sou usuário do Ubuntu, muito mais rescente é claro, e vejo de longa data de uso de Conectiva, passando por Debian, RedHat, SuSe, Slack, Corel Linux (quem lembra ???), Caldera, Mandrake, Fedora (poucas horas), Mandriva e finalmente onde estou hoje, no Ubuntu.
    Usei mais o Conectiva como desktop, e mesmo assim dava algum trabalho para configurar tudo e como a partir do 6.0 dava para usar apt direto, foi um luxo que não consegui largar :-D.
    Tenho vontade de fazer o mesmo, pegar uma distribuição antiga ou mesmo de outro conceito como Slackware, Gentoo (esse é osso hehehe) ou mesmo um BSD para começar a brincar de desktop, mas o tempo para estes testes e a paciência exigida não deixaram ainda 😀
    Aproveito para postar aqui um artigo que escrevi quando migrei de distro, onde faça um Comparativo entre Mandriva 2008 e Ubuntu 7.10 no meu laptop. Acredito que encontrará algumas coisas alí que talvez já eram “normais” a você, mas para mim um mero e antigo usuário de Conectiva a-la-vamos-fazer-tudo-na-mão foi uma maravilha conhecer o Ubuntu 😀
    Forte abraço!

  4. Chico

    Eri com saudades de ser nerd :P.
    Conselho: faz um LFS :):):)

    Vc vai se divertir muito.

    abraços

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