Não é segredo nenhum que eu tenho… hã… “restrições ” em relação ao meu emprego atual.
Eu nunca tinha trabalhado na área educacional antes e não pretendo voltar a trabalhar jamais. Eu já não era muito fã de Universidades antes e agora então, menos ainda.
Consegui agüentar bastante (10 meses) devido à moleza que é isso aqui. Agora durante as férias dos alunos, por exemplo, estou entrando às 08:00 e saindo às 15:30. Vidão, né?
Não posso dizer que também não gosto de ter minha workstation sentando direto em cima de um link internet sem noção (> 100Mb/s) e ter um IP público direto. NAT é para os fracos.
Outra coisa que eu gostava aqui era da freqüência dos cafés/almoços/jantares. Jantar do presidente, almoço anual dos funcionários, almoço anual do departamento, café da manhã do sindicato, pizza por conta do fornecedor, festa de fim-de-ano, festa de fim-de-verão, campeonato de bolo de cenoura e chilli, dia da patinação no gelo (almoço incluído), cocktail de recepção a novos funcionários, etc, etc, etc.
Lógico, que não passam nem perto dos eventos gastronômicos brasileiros. Canadense realmente acha que uma bandeja de vegetais e algum molho esquisito são comida de festa. Ai que saudades de empadinha….
Acho que o que mais me irritou aqui foi a lerdeza das coisas. Não que o default canadense seja muito ágil, mas aqui é entre parado e dando marcha a ré. Pra mim, que estou acostumado com ambientes “enterprise”, fica pior ainda. Me dá nos nervos vendo coisas que precisam ser feitas não serem feitas.
Felizmente com o balanço entre as coisas ruins e as coisas boas eu consegui me segurar enquanto procurava uma oportunidade interessante. Não sei se já comentei aqui, mas fiz um scriptzin python que fica buscando vagas em sites de emprego da região e gerando um feed RSS que assino no meu Google Reader. Ai eu não preciso ficar perdendo tempo e ainda assim mantenho um olho no mercado.
Finalmente então umas semanas atrás vi uma vaga interessante. A descrição era bacana, parecendo alguma coisa de bastante responsabilidade e os requisitos técnicos caíram como uma luva. Olhei pra vaga e falei: É minha.
Voltei a reler meus posts sobre emprego, peguei mais algumas dicas na Internet e mandei ver uma presentation letter caprichada, CV atualizado e foi só esperar. Estava marcado que a vaga ficaria aberta até uma sexta-feira, mas na quinta já me ligaram marcando a entrevista.
Foi engraçado porquê chegando lá era um painel com três entrevistadores. O cara que vai ser meu chefe ao entrar na sala não olhou na minha cara. Não me cumprimentou e já foi disparando perguntas. Tratamento nos cascos mesmo.
Conforme a entrevista foi evoluindo ele começou a olhar pra mim enquanto conversávamos e na hora da despedida ele até me deu a mão.
Mas engraçado mesmo foi que ao final da entrevista ele já me disse que eu ia ter que passar por uma segunda rodada, o que achei bom, pois não se chama candidato sem condições pra segunda rodada.
Na semana seguinte quando cheguei pra outra reunião o tratamento foi totalmente diferente. Ele foi me buscar na recepção (da outra vez tinha sido outra pessoa), abriu um sorrisão e extendeu a mão pra me cumprimentar. Desnecessário dizer que naquela hora já pensei: To dentro.
A reunião foi com ele e com o CEO da empresa (é uma empresa pequena). Nenhuma pergunta técnica, só coisas relacionadas a trabalho de forma geral. Dava pra perceber que eles estavam tentando descobrir que tipo de profissional eu sou.
Estava indo muito bem a conversa e eu tinha a impressão que ia ser contratado, mas a certeza veio na hora que meu futuro chefe fala, durante a entrevista (!!):
– “Quando a gente terminar aqui vou te levar pra conhecer nosso data-center”
BINGO! 😛
Dois dias depois já tinha negociado salário, benefícios (home office! uhu!) e fui assinar o contrato.
O resumo da ópera é que sexta-feira é meu último dia aqui na Universidade e já começo na segunda-feira no novo trampo. As expectativas são altas.