Não sei você, mas crescendo eu sempre ouvia: “Olhá lá! Não exagera! Respeite seus limites!”

Jamais vou duvidar que o conselho era dado com a melhor da intenções, procurando meu bem-estar e preservar minha saúde. Mas hoje eu posso dizer que limites foram feitos para serem quebrados, empurrados, expandidos e desrespeitados. Estou falando de esportes, lógico.

Em outros posts aqui do blog você pode ler como comecei a correr uns anos atrás. Na primeira vez que saí para correr com meus amigos eu corri 2 minutos. E bem devagar. Em 60 segundos eu estava passando mal, vistas escurecendo, pontadas no abdômen e respirando igual um cachorro com calor. Atingi meu limite. Deveria parar, certo? Felizmente eu não estava correndo sozinho, então depois de me deixarem descansar andando por 1 min meus companheiros me botaram pra correr de novo. Sobrevivi por longos 20 minutos alternando corrida (2min) e caminhada (1min).

Quem diria, desrespeitando meus limites dia após dia, me exercitando até o ponto da exaustão muitas vezes passei de correr 2 min para correr 5h6m, o tempo que demorei pra completar uma maratona (42.2Km)

Depois me envolvi com duatlo e a seguir com triatlo, cada vez desrespeitando mais meus limites. E por mais que eu goste destes esportes eu descobri mesmo é que gosto de desafiar meus limites.

Entra o Crossfit.

Nem me lembro bem como fiquei sabendo de Crossfit, mas acho que foi no NerdFitness, onde ele fazia uma rápida referência em um dos posts. Fui pesquisar que raios era isso e pronto: gamei na hora.

Assisti alguns vídeos no YouTube e vários pensamentos vieram à minha cabeça:

  1. Caracas! Esses negos são doidos
  2. Minha nossa, to cansando só de assistir
  3. Eu nunca ia conseguir fazer isso
  4. Onde eu me inscrevo?

Acho que Crossfit não chegou ainda no Brasil, já que nem achei entrada em português na Wikipedia, então vou tentar resumir do que se trata:

Sessões de exercícios intensos misturando itens de levantamento de peso, ginástica olímpica, treino de intervalos de alta intensidade, coordenação motora e exercícios aeróbicos.

São treinos num estilo militar e competitivo, mas num ambiente saudável e de camaradagem, sendo isso um dos principais pontos. Tem um senso de comunidade e de apoio mútuo.

Explico: Em todos os WODs (Workout of the Day) o nome de todo mundo que está presente vai pra lousa. No final do WOD o resultado de todo mundo é colocado lá.

Ninguém quer ter o pior resultado, então todo mundo se esforça o máximo. Por outro lado alguns WODs são extremamente exaustivos e muitas pessoas (como eu) simplesmente estão a ponto de vomitar antes de chegar ao final. Conforme os primeiros vão terminando ninguém vai embora. Eles vão se aproximando de quem ainda está trabalhando para incentivar, dar dicas e não te deixar desistir. E você ali, humilde iniciante que mal pode erguer qualquer peso significativo, se sente parte daquele grupo de elite e não quer decepcionar seus companheiros. Mais uma repetição. Mais uma… FEITO. High-fives, palmas e tapinhas nas costas.

Isso é só uma parte do que é toda uma cultura ao redor de Crossfit. Se você não é um crossfitter não dá nem pra entender um WOD. Diariamente no site da minha academia eles postam qual será o WOD. Hoje por exemplo:

EMOM 10
2 Snatch Balance 135/95#

AMRAP 3
10 Sit-ups
20 air squats

Os WODs podem ser criados pela academia que você frequenta, por grupos de Crossfitters de uma região ou por uma cadeia de academias. Mas além disso existem mais dois tipos de WODs: Os benchmarks workouts (também conhecidos como as meninas do Crossfit) e os hero workouts. Vale a pena olhar essa página aqui.

Crossfit está se tornando um esporte em si mesmo, com competições regionais, nacionais e internacionais, mas eu particularmente vejo como um acessório para outros esportes.

Se o inglês estiver afiado, um bom vídeo sobre Crossfit.

“People walk into the gym and ask: ‘Where are all the machines?’. We are the machines”