Hoje a esposa me ligou e pediu: Quando você chegar em casa, instala o gFTP pra mim?

Como ela está no sudores eu disse: “Instala você mesma.” E fiz uma pausa para explicar como instalar.

O que me veio à mente não foi o Synaptic ou o Adept, mas sim o apt-get véio de guerra. Eu até lembrava dessas duas ferramentas, mas não sabia direito o nome delas (tem uma no KDE e uma Gnome. Qual é de qual?), em que menu elas estavam e nem onde tinha que clicar para instalar o pacote.

Como uso o yakuake pedi para esposa pressionar F12 e ditei os comandos que ela deveria digitar. Toda nossa conversa no telefone, incluindo notícias dos filhotes e a instalação do gFTP tomaram apenas 5m22s, segundo o meu ramal.

Por outro lado me lembro que toda vez que preciso dar suporte pro meu pai, que usa windows, são pelo menos uns 20 minutos no telefone: “Clica em Iniciar/Programas/XPO. Vai em Menu/Editar. Não tem isso? Tem Edit? Não? Que tela você está? Hum. Essa eu não conheço. O que tá aparecendo?”

O que deveria ser fácil fica complicado, pois a tela do outro lado varia de acordo com a versão do sistema operacional, do idioma, do Window Manager (se for Linux/Unix), etc, etc.

A linha de comando não muda. Os comandos que ditei pra minha esposa são os mesmos que comecei a aprender em 2001, quando tive meu primeiro contato com o Debian.

Comandos mais genéricos do Unix são ainda melhores neste ponto. Não mudam desde a década de 70. Trinta anos firmes e fortes.

Se você precisa fazer uma mesma tarefa para múltiplos arquivos então, ter uma certa fluência em comandos shell podem salvar um tempo precioso.

Um exemplo simples

Imagine que você precisa mandar as fotos das suas férias para a família via email. Você tem uma daquelas novas máquinas digitais de 12MPixel e cada foto ocupa mais de 10MB.

Você pode simplesmente abrir o Gimp e redimensionar todas as imagens para 800×600. Com meia dúzia de cliques você faz isso.

Mas se ao invés de tirar 10 fotos nas férias você tirou 700, igual meu cunhado fez?

O jeito mais fácil é via linha de comando:

É apertar e ir cuidar da vida. Todas vão ser redimensionadas sem a sua intervenção.

OK, a sintaxe é horrível, está cheio de letrinhas e símbolos estranhos e pode não fazer o menor sentido agora, mas se você se dedicar a aprender um pouco de comandos via terminal agora eles vão servir de novo semana que vem. E na outra. E no ano que vem. E se as coisas continuarem assim, por muito mais anos por ai.

E como decorar os comandos? São muito complicados.

Muitos comando são mneumônicos ou tem opções mneumônicas, infelizmente quase sempre em inglês. Outro ainda são apenas a palavra que executa a ação em inglês.

Exemplos:

  • Para listar os arquivos de um diretório, o comando é ls “LiStar”.
  • Para achar um arquivo, o comando é find
  • Apagar um arquivo? rm nele “ReMove”

A idéia é ir aos poucos, entendendo cada comando conforme for utilizando. Diversos sites de ajuda como o Ubuntu Help Guide tem comandos prontos para copiar e colar. Aproveite e tente entender cada um. Lembre-se do man!

Por fim

Indiscutivelmente interface gráfica é algo sensacional. Simples, bonita, cheia de recursos e permitindo que qualquer um faça qualquer coisa sem saber nada de Linux. Muitos novos usuários foram conquistados para o Linux depois que distribuições como o Ubuntu começaram a pensar que tem uma pessoa sentada na frente da máquina e ela quer interagir com o sistema.

Não sou xiita pelo prompt de comando e simplesmente odeio fazer algumas coisas via linha de comando, como ler emails e gravar CDs, mas não posso nem pensar em fazer o meu trabalho sem conhecer linha de comando e acredito que muita gente se beneficiaria de  também conhecer meia dúzia de coisa.

Depois de hoje a primeira aluna será a esposa. 😉