Hoje foi meu segundo dia de trampo e já vi o suficiente para criar uma impressão.

A empresa que estou trabalhando é da área de serviços em tecnologia, o que automaticamente me faz sentir em casa.

Eu estou especificamente alocado para um cliente que é uma das maiores empresas dos Estados Unidos (se você pegar a lista da “Fortune 500” você não vai descer muitas linhas até chegar nela) e, de novo, estou me sentindo em casa.

Quanto ao emprego o processo de seleção foi demorado, mas a pessoa que me recebeu ontem explicou o porquê. Eles são muito mais espertos que minha empresa anterior.

Mas depois de tudo pronto eles mandaram um courier em casa entregar um envelope com contrato de trabalho, contrato de sigilo, política de segurança, dress code, formulário padrão de recrutamento, caderneta do seguro e um check-list do que  eu deveria levar no primeiro dia.

Chegando lá a moça da recepção já me encaminhou pro RH, que checou os meus documentos, meu deu mais meia dúzia de coisa pra assinar e me levou por um tour pela empresa. O tour terminou na sala do Help Desk, onde tiraram minha foto pro crachá e já trouxeram meu crachá temporário com meu nome e todos os acessos necessários concedidos. Na verdade só vai colar minha foto quando chegar.

A pessoa do RH então me levou até meu anfitrião (já que meu chefe e todo meu time está no cliente nos Estados Unidos) que me deu um overview do projeto, me mostou onde ficavam os suprimentos de escritório, impressoras, fax, cozinha e saídas de emergência.

Pela primeira vez em todos os empregos que eu tive meu usuário e senha já estavam criados e eu já tinha baia, máquina, e ramal prontos. Impressionante. Primeiro dia e eu já pude trabalhar.

Vale ressaltar que “estudar igual um animal” é trabalhar na área de TI.  Passei o dia estudando o ambiente e as customizações do cliente e não passei nem dos 20% do material disponível na primeira página.

Outra coisa interessante foi que quando bateu uma fome chamei meu anfitrião no Instant Messenger e perguntei se tinha um horário específico para eu almoçar. Ele se desculpou por não ter lembrado de falar disso e me explicou: Eu tenho que trabalhar 8 horas por dia. O almoço não conta neste horário então posso fazer quanto tempo de almoço eu quiser, desde que eu trabalhe efetivamente 8 horas no dia. Mas eu sou obrigado a fazer, no mínimo, 30 minutos de almoço. Não posso pular o almoço e fazer 8 horas corridas.

Além disso eu posso trabalhar a hora que eu quiser. Não existindo demanda do cliente para que eu esteja lá determinada hora posso entrar a hora que quiser. Ele disse que gostava de fazer das 08:00 às 16:30, mas que tinha gente no grupo dele que fazia das 11:00 às 19:30.

Pessoalmente vou fazer das 10:00 às 18:30, pra poder cuidar dos cachorros pela manhã.

O prédio onde trabalho fica no centro da cidade, quase de frente para o porto de Halifax. Como estou num andar um pouco mais alto eu tenho vista do mar da minha baia. Relaxante isso.

Ainda por cima do lado do prédio tem o Scotia Mall, que é um mini-shopping com um praça de alimentação bem aceitável. E assim como em outros lugares do Canadá existe uma conexão entre os prédios que permite que você ande boa parte do centro da cidade sem sair na rua, evitando o frio. Isso significa que eu nem tomo vento pra dar um rolê no shopping na hora do almoço. É descer do elevador e entrar no corredor que vira passarela aquecida.

Mas de qualquer forma eu já tinha lido em outros blogs e confirmei pessoalmente que a maior parte das pessoas leva sua marmita de casa. Por isso a empresa tem uma cozinha imensa, com 3 geladeiras, 2 pias, um forno elétrico e 6 microondas pra atender a demanda.

Você pode escolher comer lá mesmo, onde tem um balcão estilo padaria de fora-a-fora na parede, em uma das mesinhas redondas para 4 pessoas, em uma das mesas retangulares para 6 pessoas ou em um sofá ou poltrona.

Já descobri que no meu time não sou o único estrangeiro (tem um chinês no time) e o que não falta é indiano. Isso mais uma vez mostra que os imigrantes realmente fazem parte da força motriz que gira este país.