Desnecessário começar o post apontando como nós, seres humanos, somos arrogantes. Mas vou fazer assim mesmo. Absolutamente todo brasileiro, assistindo a um jogo de copa do mundo, por exemplo, ao ver um jogador da seleção cometendo um erro imediatamente grita: “BURRO!”. Ou se ele perde um gol: “Até minha vó fazia”.
Lógico, parece tão fácil assistindo na TV. Os jogadores se movem tão facilmente pelo campo, do ponto de vista da câmera tudo parece tão claro. Com certeza eu sou melhor que esse jogador profissional. Eu faria esse gol.
Ou então quando um garçom chega na nossa mesa com uma bandeja equilibrando o prato para 4 pessoas mais bebidas? Nem um obrigado costuma sair da maioria das pessoas. Vou dar uma sugestão: Pegue duas xícaras de café com o pires, uma em cada mão e atravesse uma sala cheia de móveis e pessoas. E rápido. O freguês está esperando.
Olhamos com desprezo o operador de trator, o artista circense e o atendente do call-centre.
Mas tente você manobrar um desses, ou fazer só um desses ou passar o dia falando com gente burra e/ou mal-educada.
A verdade é que a única ocupação, profissão, hobby ou esporte que consideramos difícil/desafiador é aquela em que estamos envolvidos. E isso com certeza afeta a forma como julgamos o valor do trabalho de outra pessoas.
Por aqui tem um seriado chamado “Undercover Boss”. Nesse seriado presidentes e CEOs de grandes empresas usam um disfarce e assumem posições “de peão” em suas próprias empresas. A presença das câmeras é justificada para os outros funcionários usando desculpas esfarrapadas, mas críveis.
Um episódio ótimo foi quando o CEO de uma grande empresa de lixo urbano pegou uma vaga de gari. Estava previsto dele ficar alguns dias nesse papel antes de se revelar. O problema é que o cara simplesmente não conseguiu executar as tarefas de gari. Rasgou saco de lixo, não conseguia manter o mesmo passo que o resto da equipe, o vento levava as coisas que ele tentava recolher. Parecia cena dos trapalhões. Foi muito engraçado porque ele foi DEMITIDO e o supervisor dele disse que ele não tinha as habilidades necessárias para trabalhar naquela empresa.
Lógico que não estou dizendo que qualquer um pode fazer o papel de CEO. Muito pelo contrário. Na minha carreira como gerente eu vi apenas parte da complexidade e pressão do trabalho dos executivos nível C. E não acho que eu teria habilidade e/ou estômago para isso.
Acho que onde estou querendo chegar com esse post é que é importante reconhecermos a dificuldade das coisas que não estamos envolvidos. Mesmo quando elas parecem ser fáceis de serem executadas, já que ao vermos os profissionais fazerem parece tão fácil. Nada é tão fácil quanto parece.
Mas por outro lado nada é tão difícil que não possa ser aprendido. Só por diversão tente fazer ou aprender uma coisa diferente de vez em quando. Você vai ter uma nova perspectiva das pessoas.