Metendo a mala na entrevista de emprego – Parte 1

By | July 13, 2008

Comentei ontem que estou de emprego novo e prometi algumas dicas.

Aqui no Canadá a coisa é mais ou menos padronizada: A vaga anunciada tem descrição da empresa completa, dizendo o perfil da mesma, com área de atuação e uma lista de motivos pelo qual vale a pena trabalhar lá.

Depois consta uma lista com as responsabilidades do cargo oferecido e o tipo de atividade exercida, incluindo informações sobre quem são os clientes, se o ambiente é escritório, chão de fábrica, home-office, etc.

A seguir vem uma lista de soft-skills (algo como: boa comunicação escrita e oral, team-work, capacidade de trabalhar em turnos, etc) e por último a lista de skills técnicos.

Esta lista normalmente está dividida em duas partes: Skills necessárias e skills desejáveis.

Para minha sorte, normalmente nível superior está apenas entre as desejáveis.

Escolhendo um emprego

Quando chegamos aqui, durante a minha busca pelo meu primeiro emprego eu sempre mantive o faco na última parte: skills. Isso, acredito, devido a influência da cultura brasileira, onde normalmente as vagas de emprego são anunciadas como: “Analista de Sistemas: São Paulo/ C, C++, C#, .Net, Java, Photoshop, MQSeries, CorelDraw, Administração de rede Novell, Lantastic, Microsoft Project e Visio e equipamentos Cisco de Nortel“.

Mas agora, nesta segunda busca eu mudei de tática. Comecei a olhar primeiro a parte que descreve as responsabilidades do cargo, depois a parte de soft skills. E só depois disso a parte de skills necessários.

Isso me ajudou a eliminar vagas que parecessem chatas, burocráticas demais, com possibilidade de trabalhar em turnos e outras coisas que eu não quisesse.

Em seguida, olhando o perfil de soft skills, eu poderia perceber o que diacho esperam do profissional que assumir esta vaga. Vagas cuja descrição constavam algo como “saber obedecer hierarquias”, por exemplo eu traduzia como: Chefe mandão que não vai te dar nenhuma flexibilidade.

Pessoalmente procurei vagas que tivessem descrições como: “Capacidade de trabalhar como um membro criativo de uma equipe ou como profissional independente com pouca ou nenhuma supervisão”.

Exatamente o que eu gosto: Se der problema, me chama que eu ajudo. Senão, só me fala o que precisa ser feito e quando precisa entregar. E vai estar na sua mesa.

Entrando em contato

Com a vaga escolhida, é preciso mandar o currículo. Se a empresa tiver alguma instrução específica de como isso deve ser feito, siga-a. Eu simplesmente deixava pra lá vagas que precisassem preencher formulários, copias e colar o currículo novamente em algum formato que eles quisessem e qualquer outro tipo de frescura. Somente me dei ao trabalho de mandar quando a forma de contato era um email puro e simples.

O corpo do email eu utilizava como carta de apresentação e aqui começa o jeito canadense de ser.

A carta de apresentação deve ser algo simples, direto e que deixe a pessoa que está olhando os emails curiosa. Procure no primeiro parágrafo explicar o motivo do seu contato, qual a vaga está pleiteando e já aproveite para fazer uma afirmação segura sobre si mesmo.

A minha carta continha algo assim na última frase deste parágrafo: “Eu tenho certeza que posso atender, ou talvez até exceder, todas as suas expectativas para esta vaga.”

O pulo do gato vem no segundo e terceiro parágrafo: Você deve vender o peixe que a empresa quer comprar. E não. A empresa não está comprando um programador, um analista ou um engenheiro. A empresa está comprando aquilo que está listado na parte de responsabilidades do cargo e em soft skills.

Não interessa na carta de apresentação se você programa em assembly editando os inodes do disco. O que intessa é se você tem teamwork, se você tem experiência com cliente, que você sabe trabalhar sob pressão, que trabalhar em turnos é contigo mesmo. Skill técnico tem à venda em qualquer centro de treinamento. Um profissional sério, comprometido e motivado não.

Não estou aqui dizendo pra ninguém mentir, mas apenas para refletir sobre que tipo de profissional você é e como isso se enquadra no que a empresa procura.

O quarto parágrafo é quando você mostra seu lado shareware: “Eu me sentiria honrado em me encontrar pessoalmente com os senhores para melhor discutir minha qualificações e como eu posso agregar valor à empresa XYZ”.

Traduzindo: Amigão, eu tenho muito mais de onde veio isso, mas se quiser saber, vai ter que chamar pra entrevista.

E acabe o email pedindo truco: “Fico ansiosamente aguarando seu contato”.

2 thoughts on “Metendo a mala na entrevista de emprego – Parte 1

  1. Camila

    Adorei o post! O primeiro texto que vi que não fala da tal carta de apresentação como um bicho papão.

    Thanks! Sucesso no novo emprego.

    K.

  2. Pingback: Another Geek Blog » Metendo a mala na entrevista de emprego - Parte 2

Comments are closed.