Uma sociedade de alta confiança é aquela em que as pessoas geralmente presumem que os outros são honestos, confiáveis e colaborativos. Ela se sustenta em respeito mútuo, normas compartilhadas e instituições que funcionam de forma previsível. Nesses lugares, as pessoas se sentem seguras ao lidar com desconhecidos, seja nos negócios, no governo ou no dia a dia. A confiança reduz atritos; contratos são mais simples, disputas são raras e a cooperação acontece de forma natural.

As principais características incluem um estado de direito forte, baixa corrupção e sistemas transparentes. Os tribunais cumprem acordos com a justiça. Os governos prestam serviços sem exigir propinas. Os cidadãos seguem as regras não por medo, mas porque acreditam que o sistema beneficia a todos. Há forte coesão social, com valores compartilhados unindo diferentes grupos. Os dados confirmam isso: pesquisas como a World Values Survey mostram que países com alta confiança (como Dinamarca e Noruega) têm bons índices de felicidade, crescimento econômico e estabilidade social.

Agora compare com sociedades de baixa confiança, onde prevalece a desconfiança. As pessoas se apoiam em grupos fechados—família, clãs—porque não confiam nas instituições. A corrupção se espalha, acordos exigem intermediários e o progresso empaca. Pense em lugares onde você hesitaria em emprestar dinheiro ou esperaria que um funcionário público pedisse propina.

Sociedades de alta confiança não são perfeitas. Elas podem se desgastar se houver polarização ou falência institucional. Imigração ou mudanças rápidas podem abalar normas comuns quando falta integração. Mas essas sociedades se recuperam com educação, engajamento cívico e governança justa. Confiança é como um músculo: Quanto mais se usa, mais forte fica. Se for negligenciada, enfraquece.

É exatamente aqui que eu queria chegar com esse post. Vindo do Brasil, uma sociedade de baixa confiança, o choque cultural — no bom sentido — foi enorme quando cheguei ao Canadá, quase dezoito anos atrás. No começo, eu não entendia como tudo funcionava tão bem, com tão pouca burocracia, e por que cartórios e despachantes simplesmente não existiam.

Infelizmente, esses tempos estão ficando para trás. A confiança por aqui anda em queda livre. Criminosos não são punidos, imigrantes manipulam o sistema para receber benefícios de graça, e o governo rouba sem consequência. Nada que eu já não tenha visto no Brasil — mas agora fico chocado em ver isso acontecendo aqui. Alguns mercados passaram a trancar itens populares como giletes ou esmaltes em armários que só um funcionário pode abrir com chave. Esses dias descobri que uma loja perto de casa removeu os terminais de autoatendimento.

É triste demais ver isso num país que já foi sensacional. Fica aqui, mais uma vez, o alerta: a esquerda radical está destruindo a civilização ocidental.