Eu perdi a conta do número de projetos envolvendo grandes migrações de sistema que participei. Como eu trabalhava no time de transição de projetos de outsource de uma grande empresa de IT isso faz todo sentido, óbvio.
Então deixa eu explicar como funciona um projeto, não importa se grande ou pequeno, numa empresa assim – e consequentemente como eu estava acostumado:
Um grupo de arquitetos de soluções conversa com o cliente para entender as necessidades, o ambiente atual e os objetivos Os TSA (Technical Solution Architects) montam o budget, estimam as horas necessárias, tamanho da equipe e tecnologias a serem usadas O Executivo da conta fazia uma requisição para o time de outsourcing pedindo um gerente de projetos, que por sua conta entra em contato com cada gerente de área e avisa quantos recursos vai precisar e quantas horas de cada para o projeto. É marcada uma reunião de kickoff interna onde o gerente de projetos e os TSA explicam o projeto. O GP escolhe um dos profissionais técnicos (de qualquer uma das áreas) para ser o líder técnico. Todos os envolvidos passam seus contatos para o GP (incluindo telefone celular e de casa). Uma lista telefonica pro projeto é criada e distribuida a todos os envolvidos. Todo mundo sabe o seu papel e o papel dos outros. Qualquer problema deve ser endereçado diretamente entre os técnicos, exceto em caso de dificuldades maiores ou pendência de decisão, situações onde pode-se envolver o GP. Todas as N fases do projeto pré-migração são executadas Duas semanas antes da migração final o GP, o líder técnico e todos os técnicos envolvidos no projetos tem que comparecer a uma reunião com o time de change management e risk management. Sabatina é o termo que me vem à cabeça. Experimenta não ter algo definido ou ter alguma coisa pendente e você vai ser publicamente execrado, seu gerente contactado e adeus bônus (best case scenario) ou adeus emprego (worst case scenario) No dia da migração você sabe quando começa, mas não quando termina. Enquanto a migração não tiver sido 100% concluída ninguém volta pra casa, ninguém dorme, ninguém escapa. Dê um beijo na esposa e lembre-a que não adianta ligar perguntando que hora você volta. No máximo pode perguntar que dia. Numa dessas eu varei 32 horas acordado, trabalhando. Se algum time termina a parte deles e vai embora e você percebe que tem algo faltando ou errado, não interessa que o nego passou 58 acordado trabalhando. Ele pode ter acabado de chegar em casa e deitado na cama, mas você vai ligar pro celular dele, depois pra casa dele e depois pro gerente dele até conseguir falar com o cara. Se nem o gerente do cara conseguir falar com ele, ele vai ter que parir um outro técnico que conheça o sistema e esteja familiarizado com o projeto. Fod**-se. Problema dele. O Projeto termina, todo mundo ganha prêmio, bônus, almoço em churrascaria e é publicamente parabenizado durante as reuniões departamentais ou nas “all hands meetings” Acelera para os dias atuais.
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