Ou também “minhas férias”.

Voltamos ontem do Brasil, onde fomos passar férias surpresa. Surpresa porquê ninguém (exceto meu pai) sabia que estávamos indo para lá. Pensei em vários jeitos de escrever esse post, mas separando pelo bom, ruim e feio parece ser uma escolha aceitável.

The Good

Rever a família e alguns amigos foi muito bom. Não que tivesse muito assunto pra colocar em dia, afinal blogs, twitter, email, VOIP e video-conferência garantem que todos estejam sempre atualizados nas últimas notícias.

Mas encontrar meus avós, por exemplo, que não são lá muito conectados foi legal. Achei que ia dar pire-paque nos velhinhos encontrarem a gente de surpresa, mas os corações deles tão bons ainda. Testado e aprovado.

Matar saudades da comida brasileira foi outro ponto alto. Acho que comi pizza uns 5 ou 6 dos 10 dias que passamos lá. Churrasco, empadinha, coxinha e outras coisas também foram saboreadas.

E, lógico, um pouco de cultura pra nos manter atualizados. Vários livros e CDs brasileiros foram adquiridos. Aliás, com excessão de uns quitutes, chinelos havaiannas pra esposa e um par de camisetas e boné de Floripa foram as únicas coisas que compramos.

The Bad

Nossos planos eram de curtir as férias indo pra Florianópolis e ficar fritando no sol o dia todo. Passar apenas os finais de semana em São Paulo e enquanto todo mundo trabalhava/estudava de segunda a sexta a gente curtia.

Bom… a gente foi pra Florianópolis. O sol é que ficou devendo a visita. Chuva/Garoa/Nublado quase todos os dias. E, na opinião de todos os brasileiros que não tinham acabado de chegar do Canadá, também estava frio (??!!?).

Outra coisa que melou foi que no  domingo tínhamos planos de juntar família e amigos e ir no Joakin’s, mas a esposa, minha mãe e minha irmã acharam que seria mais divertido passar mal a noite toda, ter dor-de-cabeça, vomitar e – no caso da minha mãe – passar o domingo no pronto-socorro. Tudo bem. Acabamos ficando na casa dos meus pais e pedimos um frango com polenta na Galeta Dourada.

The Ugly

Quando a gente chegou aqui percebemos que estávamos passando para uma coisa melhor. Mas não acontece um choque. É tipo ter um Uno Mille a vida inteira e ganhar um Mercedes. É ótimo, mas você não sofre um choque.

Agora experimente ter um Mercedes e de repente se ver num Uno Mille. Isso sim é choque. E foi isso que sentimos ao chegar no Brasil.

Tínhamos consciência que as coisas no Brasil eram ruins, mas não tinha idéia de quão ruins até viver fora por esses dois anos e então retornar. Nas palavras da esposa foi uma experiência surreal.

Eu lembrava que São Paulo era uma cidade feia e suja, mas a realidade é muito muito pior do que minha memória tinha armazenado. E fede. A cidade tem cheiro de esgoto.

E o barulho então? A esposa já começou a passar mal no sábado de noite quando fomos no Habbib’s. Era um barulho infernal dentro do restaurante. Tanto das pessoas falando alto, quando das TVs ligadas, o barulho da Avenida Ricardo Jaffet, etc… Até eu estava atordoado, mas pelo menos sai de lá ainda bem.

Num outro dia eu estava passando mal de calor (30.o C) e minha mãe sugeriu abrir a janela da sala. Não deu pra ficar 2 minutos com ela aberta. Além do barulho da rua (alguém pode matar todos os motoqueiros pra mim, por favor?) ainda tinha um vizinho ouvindo funk carioca no último volume. Detalhe que o apartamento dos meus pais é no 21.o andar.

E o trânsito então? TAQUEOPARIU. Como as pessoas conseguem viver/trabalhar com aquele trânsito? Eu estressei de ir do aeroporto até a casa dos meus pais. Fico imaginando como alguém consegue pegar 2 horas de trânsito logo cedo e ainda ser produtivo quando chega no serviço. Impossível, eu diria.

E não só o número de carros. A forma como as pessoas dirigem. Cacete… Agora eu entendo porquê tem tanto acidente por lá. Não existe o mínimo respeito por pedestres, pelo motorista ao lado e _muito menos_ às leis e ao bom-senso. É um salve-se quem puder misturado com cada-um-por-si.

E por pouco não fui atropelado no estacionamento do shopping Ibirapuera. Assim como faço aqui eu simplesmente comecei a atravessar para a porta de entrada enquanto vinha um carro (ele vai parar, né?). Ainda bem que meu pai me agarrou pelo braço e falou: Você não está no Canadá. Duplamente triste isso: Primeiro por eu não estar no Canadá e segundo pelo fato de que no Brasil não se respeita o pedrestre.

Ah, sim. O carro passou voando.

Conclusão

Minha obrigação está cumprida. Já visitei o Brasil e – acreditem se quiser – não gostei. Apesar da parte boa ter sido muito legal a parte ruim e, especialmente a parte feia, me desanimam. Para os que nos perguntaram “quando vem pro Brasil de novo?” fica a reposta: Exceto em caso de calamidade pública, só no dia de São Nunca, se coincidir de os porcos voarem e o inferno ter congelado.

Eu ia até escrever mais, mas a esposa falou que já tá muito grande ninguém vai ler. 😛