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Um conto de dois triatlos (parte 1)

Duas semanas atrás tive uma péssima experiência na minha (já não tão recente) empreitada como atleta.

Vamos começar pela lógica desse que vos fala: Não gosto de natação, sofro andando de bicicleta e corro devagar. VOU FAZER TRIATLO! Quem não chegaria a essa conclusão?

Não gostar de natação, aliás, é ser bonzinho. Eu acho extremamente chato e entediante. Além disso tenho um ligeiro trauma de infância com relação a água gelada. Nado sem problemas numa água com temperatura normal, mas se estiver um pouco mais gelada me dá uns tilt.

E foi justamente na natação que o bicho pegou…

Nadar em piscina é bem diferente do que tenho que encarar nos triatlos. Na piscina eu sei que dá pé, consigo ver claramente o fundo da piscina, a divisão das raias, o começo e o fim da piscina. Estou nadando sozinho na minha raia e sei que a possibilidade de me afogar é bem baixa. Ah, sim… Aqui no Canadá as piscinas tem salva-vidas de plantão. Eu só preciso me preocupar com 25m de cada vez e sei que posso parar a qualquer momento.

É verdade que tem caiaques, botes e salva-vidas o tempo todo em volta dos competidores, mas você tem que nadar tendo apenas como referência visual umas bóias colocadas longe para caramba. Você tem que se preocupar com o percurso, que não tem marcação óbvia. Além disso tem uma massa de pessoas em volta de você dando braçadas e pernadas para todos os lados. Exceto pelos primeiros 2 ou 3 metros não dá pé em lugar nenhum do percurso. Aliás, são 750m a serem completados numa pancada só.

Como se isso não fosse ruim por si só, nos triatlos a parte da natacão (via de regra) vai ser num lago. E deixa eu contar desse lago em Sackville, NB. A água estava gelada. Mas por gelada eu quero dizer que perdi o fôlego imediatamente ao mergulhar. A água era extremamente escura e barrenta. Eu não conseguia ver nem meus próprios braços. Era uma parede de lama em frente ao meu óculos. Levantei rapidamente em pânico na hora que coloquei a cabeça na água, 10 segundos depois tocar a corneta eu já estava pronto pra desistir.

Me deu um pânico fora do normal e eu simplesmente não conseguia colocar a cabeça na água. (in)felizmente eu sou teimoso e uma vez que resolvo fazer alguma coisa eu vou e faço, então tentei gerenciar o melhor possível e acabei nadando peito o percurso inteiro. De vez em quando tentava voltar ao normal, só pra engasgar de novo, procurar desesperadamente o caiaque mais próximo e voltar a nadar peito.

Foram os 25m (quase 26) mais longos da minha vida.

Fui, literalmente, o último a sair da água e nunca estive tão desanimado. Pra piorar o meu relógio parou o cronômetro por alguma razão e eu não tinha ideia de quanto tempo tinha se passado. Sabia que estava perto do tempo limite (30 m) e quando cheguei na transição minha bicicleta era a única lá.

Último a sair da água

Eu estava me sentindo um lixo, cansado e desanimado antes de montar. Quando coloquei o pé no pedal imediatamente tive cãibras horríveis e tive que desmontar da bicicleta e esperar passar.

Fiz os 20Km sem ter certeza do tempo e quando cheguei na transição alguém tinha pego meu espaço da bicicleta. Consegui enfiar num canto e fui pra corrida.

Adivinha? Novamente, cãibras horríveis e já estava mancando com menos de 100m dos meus 5Km completados. Me sentia correndo igual uma tartaruga e achei que aqueles 5Km não iriam terminar nunca. Que desânimo…

Terminei, mas muito desanimado e nem quis ficar me confraternizando muito (novidade). Pegamos minhas coisas e voltamos para Nova Scotia.

Quando finalmente resolvi olhar o resultado acabei surpreendido. A natação foi realmente péssima, mas a bike e a corrida não foram nem um pouco ruins. Aliás, a corrida no final foi um excelente tempo para o meu passo normal.

Mas isso é só a primeira parte da história, porquê 2 semanas depois eu já estava registrado para outro triatlo. E dessa vez eu ia de farda preta.

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