Atenção: Este é um post estilo “querido diário”. Continuação deste outro post
Só que nesta época eu ia trabalhar de fretado e como o lugar onde ele passava era a quase 1KM de casa a esposa, muito boazinha, me levava até lá e devido ao nosso costume de sempre chegar cedo aos compromissos acabava fazendo com que ficássemos dentro do carro, numa pracinha, esperando o ônibus passar.
A gente ficava conversando e observando o mundo ao nosso redor (que 8hrs da manhã em Sumaré não é muito animado) e começamos a observar uma pequena matilha de vira-latas que vivia por lá.
Tinha um cachorrinho branco com pintas pretas, um amarelo peludo e eventualmente uma fêmea pretinha.
Era engraçado assistir os três brincando, porque eles eram muito empolgados logo cedo. O branco pintado era meio filhote e parecia uma bala correndo chamando os outros pra brincar e se jogando no chão.
Com aquela cara de sapeca e aquele jeito brincalhão não demorou muito pra esposa começar a emitir aqueles barulhinhos (tipo óóó, ahhhhh, tchuchuchu) quando ele passava correndo perto do carro.
Como todo bom vira-lata com o passar dos dias ele foi percebendo a nossa presença e passava cada dia mais perto da janela do carro do lado da esposa. Até o dia que ele destemidamente resolveu falar “oi” e trepou na janela pra cheirar a mão dela. E ai já viu… “Ai… vamos levar ele pra casa??“.
No começo eu resisti um pouco, pois tinha medo de levar um cachorro de rua pra dentro de casa. Além de imundo e muito magro ele podia ter alguma doença e passar pros Rottweilers. Pra piorar a Pipe estava no cio e já estava difícil manter o Hurd no canil, imagina dois machos.
Mas eu não também não conseguia deixar de pensar naquela cara de coitado de quem fala “moço, o senhor não gostaria de estar adotando um vira-lata faminto? No caso eu?”.
Como lá na praça tinha um pet-shop eu fui perguntar se eventualmente pertencia a alguém que o deixava solto o dia todo lá na praça, mas me informaram que não. Que ele não tinha dono. Inclusive uma pessoa tinha dito que o queria adotar para sua filha. O pessoal do pet-shop pegou ele na rua, deu banho, passou perfume, colocou uma gravatinha e o homem quando chegou olhou pra ele e disse: Não achei que ele fosse tão grande. Não vou pegar ele não.
A história da rejeição encheu os olhos da esposa de lágrimas e eu prometi então pra esposa que assim que a Pipe terminasse o cio a gente ia pegar o vira-lata. E foi bem difícil esperar, pois não sabíamos se no dia seguinte ele ainda ia estar por lá ou seria atropelado por um carro, levado pela carrocinha ou coisa do tipo.
Felizmente os dias passaram, o cio da Pipe acabou e montei um plano: Pegamos ele num sábado e levamos direto pro veterinário. Deixamos ele lá pra ser vermifugado, vacinado, tomar banho e fazer um check-up. Paguei também serviço de hotelzinho pra ele passar o final de semana em observação pra ter certeza que não tinha nenhuma doença que pudesse afetar os rotts. Era uma criaturinha bem feinha na época, viu? Dêem uma olhada:
A veterinária estipulou a idade dele entre 6 e 7 meses e a esposa já batizou: PINGO!
Na segunda-feira voltamos e levamos ele pra casa, pra conhecer seus novos amigos. Notem que ele não estava lá muito à vontade:
Ele se mostrou EXTREMAMENTE medroso e submisso. E isso foi uma dificuldade enorme pra mim, que estava acostumado com o temperamento dos Rottweilers. Os rotts gostam de tapa, de empurra-empurra, de serem apertados, de correr igual uns loucos e de quando eu falo alto com eles (em tom de brincandeira).
Cada vez que eu fazia qualquer uma dessas coisas perto do Pingo o bichinho corria pra um canto pra se esconder.
Aos poucos fomos conseguindo que ele confiasse mais na gente e começamos a ensinar alguns truques.
Quando o levamos para ser castrado ele passou uns dias dentro de casa e magicamente parecia que tinha nascido adestrado pra fazer xixi e cocô só fora de casa, pois não fez nem uma única vez fora do lugar. Mesmo assim quando ele se recuperou da cirurgia o colocamos de volta no quintal.
Ele se dava super bem com os Rottweilers, mas infelizmente as brincadeiras deles são um pouco brutas pra um tampinha de menos de 10Kg e logo ele se machucou no ligamento do cotovelo.
Foi a desculpa que a esposa estava esperando pra colocar ele pra dentro de casa permanentemente:
Conforme o tempo foi passando fomos ensinando mais truques pra ele e o Pingo virou um verdadeiro cachorrinho de circo, servido de entretenimento para toda a família quando o levávamos nos lugares.
Eu aprendi bastante com ele, pois percebi que o que eu usava para motivar e ensinar os Rottweilers não funcionava com ele, pois tinha um temperamento muito medroso e submisso e mais uma vez o pessoal do AdestradorOnline ajudou pra caramba.
Conforme o tempo foi passando eu deixei de me interessar tanto na aparência dos cães e comecei a levar mais em conta o temperamento. Também fui lendo mais e mais coisa sobre adestramento, comportamento canino e diversas linhas de pensamento e metodologias, como behaviorismo e etologia. Ia me identificando mais com uma coisa ou outra.
Nesta época tive a oportunidade de fazer um curso de proteção pessoal e patrimonial com cães promovido pela Unidogs com um alemão famoso em adestramento e continuei melhorando meus conhecimentos.
Mas eu queria mais, afinal eu tinha 3 cachorros, que eu adoro, mas nenhum deles tinha sido “escolhido a dedo” e com critérios racionais em relação ao temperamento.
Eu achava que ainda tinha espaço pra mais um.
Só pra não acabar o post no vazio, fica o filme que a esposa fez pra comemorar um ano do Pingo com agente, no ano passado.
CONTINUA NO PRÓXIMO POST.