Muito tempo atrás lembro de ter lido em algum lugar uma frase mais ou menos assim: “Quando você é jovem você tem saúde e tempo, mas não tem dinheiro. Quando você se torna um adulto bem empregado você tem saúde e dinheiro, mas não tem tempo. Finalmente na sua velhice você tem tempo e dinheiro, mas não tem saúde”.

Na época eu era jovem e, obviamente achei engraçado. O problema agora é que sou um adulto bem empregado e a piada perdeu a graça.

Eu e a esposa estávamos conversando hoje e isso veio à tona: Nós não ligamos para bens materiais e vida social. Gostamos mesmo é de experiências e tranquilidade. Experiências interessante costumam vir com viagens, conhecer lugares novos, experimentar comidas diferentes, participar de corridas e eventos em lugares distantes. E que lugar melhor pra ter tranquilidade do que numa praia ou nas montanhas?

Com o advento do AirBnB ninguém mais precisa ter sua própria casa de praia ou casa de campo. Com bem pouco dinheiro – relativamente falando – é possível alugar uma casa de praia por uma semana para curtir.

O problema todo é que apesar de “termos dinheiro” na vida adulta esse dinheiro vem do salário que recebemos em troca do nosso trabalho. E esse trabalho exige a dedicação do nosso tempo. Logo, na verdade estamos é vendendo o nosso tempo em troca de dinheiro.

Mas não podemos simplesmente parar de trabalhar. Isso faria a fonte de dinheiro sumir e voltaríamos para o cenário da juventude: Tempo e saúde, mas não dinheiro. E além disso um futuro ainda pior, já que provavelmente isso iria nos levar a velhice sem saúde e sem dinheiro.

Aqui no Canadá o padrão são 15 dias úteis de férias. Apesar de eu ter mais do que isso, a esposa tem só os 15. Isso são 3 semanas úteis apenas. No começo desse anos fomos uma semana pra Flórida e queremos no final do ano comemorar nosso aniversário de casamento e usar duas semanas. Portanto é isso. Não temos mais nenhuma oportunidade até 2024 de fazer nada, o que é muito frustrante.

É um problema muito difícil de resolver e é provável que muita gente que acompanha o blog deve se encontrar no mesmo dilema. E é por isso que intencionalmente estou colocando muito esforço em conseguir me aposentar aos 50 anos. Mas é complicado.

Talvez aqui valha a pena definir meu conceito de aposentadoria, já que o mais correto seria chamar de independência financeira: Ter dinheiro o suficiente para não precisar de um emprego ou para ditar meu próprio horário. Eu gosto muito do que eu faço e tranquilamente continuaria trabalhando se tivesse a opção de tirar férias não-remuneradas por exemplo uns 4 meses por ano, sabendo que tenho sustento.

Então voltando ao assunto: A fórmula para a aposentadoria é super simples: Ganhe mais dinheiro do que você gasta e invista a diferença. Continue fazendo isso tempo o suficiente e pronto: Você vai ter um pé-de-meia para não precisar depender de emprego. A tão sonhada independência financeira.

A complicação é como implementar a fórmula na vida real. Ganhar mais dinheiro é tecnicamente sempre possível, mas extremamente difícil. Uma promoção, um bônus, um emprego novo ou fazer bicos aqui ou ali para aumentar a renda. Nada disso é fácil. Eu considero que estou bem empregado e ganho bem, mas quantos anos me demorou para chegar aqui? E ainda não ganho o suficiente para já ter acumulado para me aposentar. E não sei se nesse ritmo consigo atingir meu objetivo de 50 anos.

Gastar menos é possível para muita gente, mas não para nós. Digo isso porquê já gastamos muito, muito pouco. Nesse último ano, inclusive eu aumentei o orçamento que temos para gastar na nossa vida diária, porquê a coisa estava muito puxada e restrita nos últimos anos. Esse mês cancelei Netflix, mas não é exatamente que vai fazer uma imensa economia no final.

E por último vem investir a diferença. Quiçá isso fosse uma coisa simples. Os investimentos simples tem um rendimento ridículo. Sobram os investimentos mais sofisticados, mas aí eles vem acompanhados de risco. Ano passado a bolsa tomou um capote. Esse ano não sei se vai ser melhor. O mercado imobiliário aqui no Canadá está absolutamente ensandecido, então é outra vertente complicada. Sem contar que mesmo a inflação no Canadá sendo mais baixa que no Brasil, no momento é uma das mais altas da história recente.

Felizmente até o momento tomei boas decisões em investimentos e ainda não tomei maiores prejuízos. Tento sempre manter uma grande diversidade para evitar perder tudo no caso de colapso de uma empresa, setor ou país. Aliás acho que isso vale um post dedicado aqui no blog. E já comentei um pouco aqui.

O problema é que comecei muito tarde a investir seriamente. Por muitos anos vacilei deixando dinheiro na poupança, que como já comentei aqui paga um juros ridiculamente baixo. E para piorar, você se lembra que em 2019 tivemos um ano muito infeliz, onde boa parte da nossa poupança foi torrada.

De uma forma ou de outra esse post é mais um desabafo e uma forma de incentivar meus caros leitores a começarem a também pensar na sua aposentadoria, não importa o quão jovem ainda sejam. Na velhice as opções de experiências se reduzem muito. Eu só tenho 43 e já estou sentindo isso. Eu tinha planos de subir o Kilimanjaro uns anos atrás, mas a possibilidade de isso acontecer está cada vez mais baixa por falta de tempo. E será que nos meus 50 vou ter saúde para isso? Pouco provável.

Se você ainda não pensou na sua aposentadoria, comece hoje!