Meus Cães – Parte III

By | November 19, 2007

Atenção: Este é um post estilo “querido diário”. Continuação deste outro post.

Num determinado momento meus pais sugeriram de mandar o Lobo para um daqueles centros de adestramento ou pro canil da Polícia Militar. Este é outro método de adestramento que se usa até hoje e que também sou contra.

A grande questão é que o Lobo era meu amigo. E eu era uma criança com poucos amigos e eu preferia muito mais aquele cachorro mal-educado perto de mim do que um cachorro educado longe de mim.

Na verdade eu queria um cachorro educado perto de mim. Quando eu era pivete minha mãe ia me buscar a pé na escola e eu até sonhava no dia que eu ia sair da aula e ia tar lá o Lobo me esperando, comportado, sentado ao lado da minha mãe. Uma pena que esse dia nunca aconteceu.

Durante nossos anos juntos, além do Lobo apareceram outros dois cães na minha vida: Astor e Bianca.

Não sei a história toda, mas um dia meu pai falou que um amigo dele estava doando uns filhotes e fomos lá olhar. Eu sempre me pergunto qual a motivação das pessoas (meu pai me ensinou isso) e até hoje eu não sei o que motivou meu pai a me levar pra ver aqueles filhotes. Convenhamos que depois de eu ter que me debruçar em livros para conseguir um cachorro, mais dois filhotes “do nada” é bem estranho.

De qualquer forma eram dois vira-latas muito simpáticos. Um macho black-and-tan e uma fêmea preta com peito branco. Acho que ela tinha os dedos de uma patinha brancos também. Não me lembro direito.

Não sei exatamente qual o nome eu tinha escolhido pro machinho, mas lembro que não foi aprovado pelos meus pais e virou Astor (igual dos Jetsons). A fêmea acho que foi minha irmã que deu o nome: Bianca.

Eles se davam muito bem com o Lobo e viviam brincando, mas eram dois monstrinhos, extremamente ativos e, como todo filhote, destruidores.

Meu pai não gostou muito quando eles destruiram a porta de um banheiro que tinha do lado de fora da casa e pouco tempo depois a Bianca foi doada para alguém. Engraçado que diversos bichos meus sumiram durante alguma viagem que fizemos, mas – de novo – isso é assunto pra outro tópico.

A nossa casa era bem grande e nos fundos tinha uma piscina, uma área de churrasqueira, uma árvore com um pequeno gramado e uma mini-quadra. Mas toda essa parte ficava numa parte mais alta do terreno, cerca de uns 2 metros de diferença, separados por um murinho que fazia parte da estrutura da piscina. Esse muro sempre foi instransponível para o Lobo. Então toda vez que vinha visita em casa, a empregada queria lavar o quintal ou simplesmente quando o Lobo tinha que ficar longe era só fechar o portão que dava acesso a esta área de cima e o Lobo ficava lá, só olhando com cara de coitado.

O Astor com poucos meses de idade aprendeu que 2 metros não é tão alto assim e que já que tinha um jardim embaixo do muro, também não ia doer cair lá.

Só ficava um cachorro preso então lá em cima, enquanto o outro passeava pelo resto do quintal. Mas o Astor não gostava de ficar sozinho. Ele gostava da compainha do Lobo. Não demorou muito e ele aprendeu a abrir o portão e soltar o Lobo.

Já podem imaginar o siricutico que era esse Astor. O cachorro era super ativo e extremamente inteligente. Junte isso com pessoas que não sabem nada sobre comportamento animal e adestramento e você só pode ter uma coisa: Caos.

Apesar de tudo o Astor foi ficando, foi ficando… Até que ele mexeu com as jóias da casa. As trepadeiras unha de gato que meu pai gostava.

A casa tinha muros imensos e altos e logo que mudamos para a casa meu pai já plantou as trepadeiras (e eu ajudei). Elas cresceram e tomaram todo o muro. Ficou muito bonito mesmo. Até o Astor decidir que elas não combinavam com o resto da casa e começar a arrancá-las pela raiz até onde ele conseguisse.

Não lembro direito, mas acho que mais uma vez fui viajar (acampamento da igreja, talvez) e quando voltei o Astor tinha sido doado. Segundo a história que me foi contada deram ele pra um amigo do meu pai que tinha uma pizzaria e precisava de um cão de guarda.

Eu ainda vou fazer um post só sobre coisas que adultos falam pras crianças para enganá-las, achando que vão ser crianças pra sempre e nunca vai cair a ficha que de mentiram pra elas, mas aqui vale um comentário pra adiantar o assunto: Eu sempre adorei pizza. A probabilidade de eu me sentir solidário com um dono de pizzaria é imensa. Quem melhor do que um dono de pizzaria pra ficar com meu cachorro? Depois, que maldito amigo é esse que ganha um cachorro e não manda nem meia muzzarela meia calabresa? E porquê eu nunca fui na pizzaria dele e nunca me levaram pra ver o Astor de novo? Sim, porque a Basca eu fui ver uma vez. Na verdade eu nem quero saber. Prefiro achar que ele foi pra pizzaria mesmo.

Felizmente o Lobo continuava em casa, mas…

CONTINUA NO PRÓXIMO POST.

2 thoughts on “Meus Cães – Parte III

  1. E. Coelho

    Filho:
    Foi para a pizzaria mesmo, inclusive ele
    era cliente do escritório e disse para que
    eu passasse lá para pegar uma pizza. Eu
    não quis ir, não me sentiria bem ir lá buscar
    uma pizza, daria a impressão que fiz uma
    troca.
    Há coisas na vida que a gente faz de uma
    forma que acha que é a melhor, mas acaba
    magoando as pessoas. Peço desculpas para
    você meu filho, não sabia que você gostava
    tanto do Astor e da Bianca, se soubesse eu
    trocaria mais portas do banheiro e replantaria
    a unha-de-gato quantas vezes necessário.
    Beijos,

    Pai

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