The good, the bad, the ugly

By | October 5, 2009

Ou também “minhas férias”.

Voltamos ontem do Brasil, onde fomos passar férias surpresa. Surpresa porquê ninguém (exceto meu pai) sabia que estávamos indo para lá. Pensei em vários jeitos de escrever esse post, mas separando pelo bom, ruim e feio parece ser uma escolha aceitável.

The Good

Rever a família e alguns amigos foi muito bom. Não que tivesse muito assunto pra colocar em dia, afinal blogs, twitter, email, VOIP e video-conferência garantem que todos estejam sempre atualizados nas últimas notícias.

Mas encontrar meus avós, por exemplo, que não são lá muito conectados foi legal. Achei que ia dar pire-paque nos velhinhos encontrarem a gente de surpresa, mas os corações deles tão bons ainda. Testado e aprovado.

Matar saudades da comida brasileira foi outro ponto alto. Acho que comi pizza uns 5 ou 6 dos 10 dias que passamos lá. Churrasco, empadinha, coxinha e outras coisas também foram saboreadas.

E, lógico, um pouco de cultura pra nos manter atualizados. Vários livros e CDs brasileiros foram adquiridos. Aliás, com excessão de uns quitutes, chinelos havaiannas pra esposa e um par de camisetas e boné de Floripa foram as únicas coisas que compramos.

The Bad

Nossos planos eram de curtir as férias indo pra Florianópolis e ficar fritando no sol o dia todo. Passar apenas os finais de semana em São Paulo e enquanto todo mundo trabalhava/estudava de segunda a sexta a gente curtia.

Bom… a gente foi pra Florianópolis. O sol é que ficou devendo a visita. Chuva/Garoa/Nublado quase todos os dias. E, na opinião de todos os brasileiros que não tinham acabado de chegar do Canadá, também estava frio (??!!?).

Outra coisa que melou foi que no  domingo tínhamos planos de juntar família e amigos e ir no Joakin’s, mas a esposa, minha mãe e minha irmã acharam que seria mais divertido passar mal a noite toda, ter dor-de-cabeça, vomitar e – no caso da minha mãe – passar o domingo no pronto-socorro. Tudo bem. Acabamos ficando na casa dos meus pais e pedimos um frango com polenta na Galeta Dourada.

The Ugly

Quando a gente chegou aqui percebemos que estávamos passando para uma coisa melhor. Mas não acontece um choque. É tipo ter um Uno Mille a vida inteira e ganhar um Mercedes. É ótimo, mas você não sofre um choque.

Agora experimente ter um Mercedes e de repente se ver num Uno Mille. Isso sim é choque. E foi isso que sentimos ao chegar no Brasil.

Tínhamos consciência que as coisas no Brasil eram ruins, mas não tinha idéia de quão ruins até viver fora por esses dois anos e então retornar. Nas palavras da esposa foi uma experiência surreal.

Eu lembrava que São Paulo era uma cidade feia e suja, mas a realidade é muito muito pior do que minha memória tinha armazenado. E fede. A cidade tem cheiro de esgoto.

E o barulho então? A esposa já começou a passar mal no sábado de noite quando fomos no Habbib’s. Era um barulho infernal dentro do restaurante. Tanto das pessoas falando alto, quando das TVs ligadas, o barulho da Avenida Ricardo Jaffet, etc… Até eu estava atordoado, mas pelo menos sai de lá ainda bem.

Num outro dia eu estava passando mal de calor (30.o C) e minha mãe sugeriu abrir a janela da sala. Não deu pra ficar 2 minutos com ela aberta. Além do barulho da rua (alguém pode matar todos os motoqueiros pra mim, por favor?) ainda tinha um vizinho ouvindo funk carioca no último volume. Detalhe que o apartamento dos meus pais é no 21.o andar.

E o trânsito então? TAQUEOPARIU. Como as pessoas conseguem viver/trabalhar com aquele trânsito? Eu estressei de ir do aeroporto até a casa dos meus pais. Fico imaginando como alguém consegue pegar 2 horas de trânsito logo cedo e ainda ser produtivo quando chega no serviço. Impossível, eu diria.

E não só o número de carros. A forma como as pessoas dirigem. Cacete… Agora eu entendo porquê tem tanto acidente por lá. Não existe o mínimo respeito por pedestres, pelo motorista ao lado e _muito menos_ às leis e ao bom-senso. É um salve-se quem puder misturado com cada-um-por-si.

E por pouco não fui atropelado no estacionamento do shopping Ibirapuera. Assim como faço aqui eu simplesmente comecei a atravessar para a porta de entrada enquanto vinha um carro (ele vai parar, né?). Ainda bem que meu pai me agarrou pelo braço e falou: Você não está no Canadá. Duplamente triste isso: Primeiro por eu não estar no Canadá e segundo pelo fato de que no Brasil não se respeita o pedrestre.

Ah, sim. O carro passou voando.

Conclusão

Minha obrigação está cumprida. Já visitei o Brasil e – acreditem se quiser – não gostei. Apesar da parte boa ter sido muito legal a parte ruim e, especialmente a parte feia, me desanimam. Para os que nos perguntaram “quando vem pro Brasil de novo?” fica a reposta: Exceto em caso de calamidade pública, só no dia de São Nunca, se coincidir de os porcos voarem e o inferno ter congelado.

Eu ia até escrever mais, mas a esposa falou que já tá muito grande ninguém vai ler. 😛

9 thoughts on “The good, the bad, the ugly

  1. Vera

    Oi filho que bom por você ter gostado de rever sua família e seus amigos.
    Que pena por vocês não poderem aproveitar o sol e a praia .

    Nos adoramos ter ficado esses dias com vocês!

    bj

    Mãe

  2. Alexandra

    Pois é… depois me perguntam pq eu não quero voltar pro Brasil e ficam surpresos quando eu digo “não dá; eu não me adaptaria mais”. Cada vez que vou me estresso mais… As viagens que ocorriam 2-3 vezes ao ano, agora ocorrem 1 vez a cada 2-3 anos…

  3. E. Coelho

    Encontrei num site e penso que complementa o seu artigo:

    É HORA DE SALTAR DA PANELA !……

    Uma fábula que funciona como metáfora da existência

    humana.

    Um convite à reflexão profunda sobre os rumos do

    mundo actual, à nossa quase indiferença e acomodação

    perante os sinais que nos são transmitidos pelas forças

    que são poder e têm a legitimidade de agir, legislar e

    decidir, por voto da vontade de um povo que

    assim decidiu.

    Da alegoria da Caverna de Platão a Matrix, passando

    pelas Fábulas de La Fontaine, a linguagem simbólica

    é um meio privilegiado para transportar à reflexão e

    retirar alguns ensinamentos.

    O escritor e filósofo Olivier Clerc, na breve história que

    constitui o corpo deste post, através da metáfora, põe em

    evidência as graves consequências da não consciência da

    mudança que infecta o nosso quotidiano, no rumo da nossa

    economia, da Justiça, do Trabalho, da Saúde, da

    Educação, de todos os pilares que suportam um

    verdadeiro Estado de Direito, de uma democracia justa e

    igualitária para todos.

    Uma fábula que nos convida a reagir à paralisia

    inconsciente que nos afecta, no presente das

    nossas vidas, sob risco de cairmos no destino

    da rã que é a protagonista desta história:

    “Imagine uma panela cheia de água fria, na qual nada,

    tranquilamente, uma pequena rã.

    Um pequeno fogo é aceso debaixo da panela, e a água

    aquece muito lentamente.

    Pouco a pouco, a água fica morna, e a rã, achando

    isso bastante agradável, continua a nadar,

    A temperatura da água continua subindo…

    Agora a água está quente,

    Mais do que a rã pode apreciar; ela se sente um pouco

    cansada, mas, não obstante isso, não se amedronta.

    Agora, a água está realmente quente, e a rã começa a

    achar desagradável, mas está muito debilitada; então,

    suporta e não faz nada.

    A temperatura continua a subir, até quando a rã

    acaba simplesmente cozida e morta.

    Se a mesma rã tivesse sido lançada directamente na água

    a 50 graus, com um golpe de pernas ela teria pulado

    imediatamente para fora da panela.”

    Isto mostra que, quando uma mudança acontece de um

    modo suficientemente lento, escapa à consciência e não

    desperta, na maior parte dos casos, reacção alguma,

    oposição alguma, ou, alguma revolta.

    Se nós olharmos para o que tem acontecido em nossa

    sociedade desde há alguns anos, podemos ver que

    nós estamos sofrendo uma lenta mudança no modo de

    viver, para a qual nós estamos nos acostumando.

    Uma quantidade de coisas que nos teriam feito

    horrorizar 20, 30 anos atrás, foram pouco a pouco

    banalizadas e, hoje, apenas incomodam ou deixam

    completamente indiferente a maior parte das pessoas.

    Em nome do progresso, da ciência e do lucro,

    emerge por vezes, a ganância, a corrupção,

    e a incompetência, que provocam

    ataques contínuos às liberdades individuais,

    à dignidade, à integridade da natureza, à beleza e à

    alegria de viver; efectuados lentamente, mas

    inexoravelmente, com a constante cumplicidade das

    vítimas, desavisadas e, agora, incapazes de se

    defenderem.

    As previsões para nosso futuro, em vez de despertar

    reacções e medidas preventivas, não fazem outra coisa a

    não ser a de preparar psicologicamente as pessoas a

    aceitarem algumas condições de vida decadentes, aliás,

    dramáticas.

    O martelar contínuo de informações, pelos mídia, satura os

    cérebros, que não podem mais distinguir as coisas…

    Não podemos esperar pelo amanhã.

    É hora de optarmos por uma decisão.

    A data de 25 de Abril, será porventura a ideal

    para despertar as consciências adormecidas.

    Precisamos de escolher entre consciência ou cozido!!!!

    Se já não estamos, como a rã, meio cozidos e

    quase moribundos, é momento para darmos um

    saudável golpe de pernas, pular fora desta panela

    em ebulição, antes que seja tarde de mais.

    http://sol.sapo.pt/blogs/jota40/archive/2009/04/25/_C900_-HORA-DE-SALTAR-DA-PANELA-_21002E002E002E002E002E002E00_.aspx

  4. Marcelo

    Opa Eri! Infelizmente as coisas só vão piorando aqui em São Paulo. Muitas coisas ruins e não vejo nenhuma perspectiva de que algo vai melhorar.

    Fico cada vez mais revoltado, principalmente com essas palhaçadas de olímpiadas e copa do mundo aqui no Brasil.

    Ainda tenho um longo tempo de espera até a dona patroa se formar e podermos nos candidatar a imigração, mas não vamos desistir de nossos sonhos =]

    Abraço!

  5. Chico

    OK. Nós faremos um esforço para ir te visitar, assim vc num precisa vir aqui 😛
    O perigo é a gente não querer voltar hehehe

    abs

    Chico

  6. Julio Mauro

    Concordo com o Chico…

    Agora, quando eu e a patroa pisarmos em solo canadense, se gostarmos, vamos dormir com os Dogs 😀

  7. Robson

    Olá. Sou apenas um leitor que acompanha o seu blog (aqui do brasil, hehe)

    Interessante o relato de vc(s).
    Me dá mais vontade de morar no Canadá. Pena que minha esposa não iria, pois ela não aguentaria ficar longe da família.

  8. Lucia

    Me identifico totalmente. Eu odeio ir para o Brasil… so vou quando realmente nao tem outra alternativa.
    Quando eu vou pra la, fico contando os dias para voltar e nao consigo me adaptar.

  9. Lilian

    O que vc escreveu sobre sua viagem para o Brasil eh simplesmente o que eu e meu marido pensamos mas nunca tivemos coragem de dizer. Moramos nos Estados Unidos. Eu percebi tudo isto quando fiz minha primeira viagem e ficamos 20 dias aqui. Agora viemos com as criancas e estara completando 1 ano no final deste mes. Nao tenho planos de voltar tao cedo, talvez nas ferias de verao das criancas. Mas siceramente tenho medo da reacao das criancas (repulsa).
    Abraco

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